A Casa do Estudante Universitário, aos 73 anos de existência, ganhou um livro que conta sua história ao mesmo tempo que traz depoimentos de ex-moradores de diversas épocas. “Ceuenses de todos os tempos”, escrito pelos jornalistas Zeca Corrêa Leite e Cláudia Santos, terá pré-lançamento quarta-feira próxima, dia 13, às 20 horas, no Palácio dos Estudantes.

O local escolhido é outra referência histórica na vida estudantil – ali abrigou no passado, como ainda hoje, a União Paranaense dos Estudantes, que corajosamente posicionou-se em defesa da  democracia nos anos de chumbo da ditadura militar.

Ao longo de suas 220 páginas o livro “Ceuenses de todos os tempos” narra o surgimento da CEU, a partir de uma conversa informal mantida entre o presidente da UPE, Oséas de Castro Neves, e a primeira-dama do estado, Hermínia Lupion, num dia de 1947. Desse contato resultou o nascimento da instituição destinada a acolher universitários que vinham a Curitiba para estudar, mas sem condições financeiras para se sustentar. Na noite de uma quarta-feira, 11 de agosto de 1948, deu-se a inauguração da Casa na avenida João Pessoa (atual avenida Luiz Xavier), cujo imóvel fora arrendado do Hotel Majestoso.

Uma segunda inauguração teria vez em 26 de abril de 1956, com as presenças do presidente da República Juscelino Kubitschek e do governador Moysés Lupion, além de demais autoridades, quando foi entregue aos estudantes o solene prédio recém-construído na rua Luiz Leão, junto ao Passeio Público.

A juventude fez-se presente ao ato. No amplo salão do terceiro andar, completamente tomado, encontrava-se o acadêmico de Odontologia Guilherme Brenk, catarinense de Trombudo Central. Ingressara na CEU na avenida João Pessoa e dias antes desse 26 de abril mudaram-se de mala e cuia para o novo endereço. Passado mais de meio século Brenck narraria seus dias vividos na Casa especialmente para o livro.

Esse depoimento é o primeiro da série que alinhava acontecimentos os mais variados, como os tensos momentos em que a cavalaria e cães ferozes aguardavam uma ordem para invadir a Casa, num dos vários embates de resistência à ditadura, os divertidos bate-papos com artistas consagrados, as noitadas elegantes dos cintilantes bailes ali promovidos, até a inclusão de mulheres alterando o tradicional regime masculino para regime misto.

Uma lembrança inquietante refere-se à presença incômoda na diretoria da instituição de um homem a quem os estudantes batizaram de Mequinho (diminutivo de MEC), por acreditarem que fosse um emissário do Ministério da Educação e Cultura, vindo de Brasília com a finalidade de reduzir a pó a pujança ceuense.

Das vozes mais antigas às mais recentes, há como pano de fundo uma linha comum de persistência e luta, a exemplo do episódio envolvendo a “faixa da discórdia”, como ficou conhecida a faixa com os dizeres “Em defesa da educação”. Instalada nas colunas do prédio central da Universidade Federal do Paraná pelos críticos ao governo de Jair Bolsonaro, que planejava cortar verbas das universidades federais, foi retirada mais tarde pelos apoiadores do presidente em meio a uma ruidosa manifestação. Duas garotas ceuenses infiltraram-se no grupo, recolheram na e afixaram na frente da Casa do Estudante Universitário. A confusão foi parar no noticiário nacional.

“Ceuenses de todos os tempos” terá pré-lançamento com participação

presencial de ex-moradores e também de modo virtual. Maiores informações podem ser obtidas pelo e-mail secretaria@ceupr.org.br, inclusive para obter o link de acesso para o evento.

Texto: Zeca Corrêa Leite.

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