Por Dom Adelar
Se o Ressuscitado não tivesse sido Crucificado, qual seria o significado? Não haveria história e, nem sequer, qualquer outro tipo de acontecimento. Não teríamos os apóstolos, nem a profecia e nem os evangelhos. Não teríamos a Jesus Cristo, o Filho de Deus, e nem a Santíssima Trindade. Mas, sim, temos tudo isso! Nós cremos, agora, na Ressureição. O Ressuscitado vive agora, enchendo de vida a história da humanidade.
Nas Celebrações da Semana Santa e da Páscoa, tudo é pensado e concorre para os que são como nós. Na certeza de que o que carregamos em nós, em Jerusalém, é um fato histórico a ser recordado. É a certeza de que aquele que foi injustamente Crucificado, vítima de uma violência que sobre ele se desencadeou, está vivo, Ressuscitado. Ele é o Crucificado-Ressuscitado. Carrega consigo as marcas da sua história, as chagas, como faz questão de mostrá-las aos ainda incrédulos apóstolos: “Vede minhas mãos e meus pés: sou eu” (Lc 24,39). É porque Ele caminha conosco. O tempo pascal é um convite para que cada cristão o descubra novamente vivo em sua vida, em sua família, em sua realidade de fé.
A humanidade, de ontem e de hoje, tem dificuldade de acolher o inocente e justo. Este é o verdadeiro pecado, não acolher aquele que nos salva, que nos traz a paz. Na sua Paixão, sobre ele se abateu nossas maldades. Mas pelas suas chagas fomos curados (cf. Is 53,5). Aceita estar nas mãos dos perseguidores. Não responde à violência, nem com a violência e nem com palavras. Fica em silêncio. É entregue de mão em mão, mas livremente faz sua entrega interior. Renuncia à defesa, ao direito de dizer “eu sou inocente” e mostrar a justiça da sua paixão. Renúncia recorrer a Deus. Não pede a Deus para intervir. Silencia. Não escolhe o caminho da violência (cf. Is 53,7). Uma ovelha mansa. Como o profeta Jeremias parece dizer: “A ti confio minha causa” (Jr 20,20). Somente um grande silêncio. Será que o mal, a violência, a injustiça, o pecado e a opressão haverão de triunfar sempre? Jesus Cristo, este confia no Pai!
Na morte de Jesus na cruz, sofreu muito. De fato, se levássemos em conta o que significa a coroa de espinhos; os trinta e nove golpes de chibata; os nomes que lhe eram atribuídos livremente e a morte de Jesus na cruz. Era muito livre da parte de Jesus, não se importava com isso. Tanto que, na hora da cruz, disse: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo” (Lc 24,34). Jesus neste momento parece “caminhar” seguro de que alguém estava com Ele: era o seu Pai. Ele andava sozinho, mas completamente acompanhado por seu Pai. Ele lhe dava segurança e força.
Crer na Ressurreição é crer na alegria da vida, que não acaba aqui. Ela vai daqui para a vida eterna. Ele é o primeiro a ser Ressuscitado, para que nós, também, segundo o Cristo, ressuscitemos para uma vida nova. Talvez, como os discípulos, nós também nos esconderíamos e ficaríamos sem ação. O discípulo João e Maria, estavam lá, até o fim. Ele haveria de Ressuscitar, mas não obstante tantas vezes dito por Jesus, ninguém ainda o acreditava!
Dom Adelar Baruffi
Arcebispo de Cascavel
Fonte: Arquidiocese de Cascavel.