Thays Veronez fica entre os finalistas do Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores

Aos 22 anos a jovem estilista cascavelense, Thays Veronez, pode experienciar a exposição de uma coleção autoral nas passarelas e ficou entre os oito primeiros colocados no importante Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores, considerado um trampolim para quem quer debutar no mundo da moda.

Sua habilidade com os desenhos e o desejo de ser estilista vem da infância, como conta sua mãe:

Quando a Thays tinha uns sete anos de idade fui chamada na escola e me surpreendi pois ela era uma criança tranquila, fiquei imaginando o que poderia ter acontecido mas a surpresa foi bem positiva pois após uma atividade a Thays havia feito um desenho que chamou muito a atenção da professora e a reunião era pra dizer que ela tinha um dom artístico diferenciado.

Delice Veronez

Já na escolha da faculdade o curso era certo “Moda” e apesar de ter passado na PUC Curitiba, e na Positivo Curitiba sua escolha foi a UEL (Universidade Estadual de Londrina).

O Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores foi uma oportunidade ímpar que surgiu, a sua inscrição foi feita ainda como estudante no final de 2021 porém a etapa final foi na primeira quinzena de julho. Foram vários meses de preparação e o desfile da sua coleção foi no último dia 07 garantindo a sua colocação entre os oito melhores de 450 trabalhos inscritos.

Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores

O Movimento Sou de Algodão, que visa estimular o consumo da fibra na indústria da moda, e a Casa de Criadores, maior evento de moda autoral brasileira, se unem mais uma vez para promover o 2º Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores. O projeto,  lançado no dia 22 de agosto, Dia Internacional da Moda, tem como objetivo dar oportunidade para os estudantes mostrarem toda sua criatividade.

No segundo Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores os participantes tiveram acesso a um programa de aulas especialmente desenvolvido para os participantes sobre a cadeia do algodão, estilismo, fundamentos da moda, empreendedorismo, entre outros assuntos relevantes para a carreira.

A seleção envolveu quatro etapas distintas: a primeira foi a pré-seleção dos trabalhos inscritos, realizada pela comissão organizadora. Foram escolhidos 20 dos melhores trabalhos selecionados de cada região brasileira, Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, que seguiram para a segunda etapa, semifinal, regional. Esses trabalhos, avaliados por uma comissão julgadora local, tiveram notas atribuídas nos quesitos definidos pela organização do concurso. Foram escolhidos dez trabalhos finalistas, sendo dois de cada região do país, que puderam confeccionar suas coleções, com seis looks completos cada, para a quarta e última fase, a grande final, em desfile presencial, realizado na Casa de Criadores. As coleções foram avaliadas por um júri composto por especialistas, que atribuíram notas para cada trabalho.

Sobre a coleção da estilista – Ruptura e Resgate

A coleção RUPTURA E RESGATE fala sobre curiosidade, valorização de memórias e introspecção. Ela conta sobre uma pessoa que viajou no tempo e sem querer acabou criando uma falha temporal que uniu todas as épocas que havia visitado. Nessa falha, a personagem encontrou um refúgio, um local que usava para proteger-se do caos e realidade do tempo em que se encontrava (tendência de comportamento “cocooning” ). Suas viagens temporais representam o sentimento de resgate ao passado, resgate às memórias antes não tão valorizadas e que passaram a ser mais importantes depois que algo ruim aconteceu, assim como o momento em que vivemos.

A pandemia do novo coronavírus fez necessária a reclusão social, o que provocou nas pessoas um sentimento de “encasulamento”. Estudada pelo Faith Popcorn’s Brain Reserve, essa é uma tendência de comportamento chamada “cocooning”, e fala sobre uma menor socialização entre as pessoas que consequentemente as fazem passar mais tempo em casa ou sozinhas; comportamento que veio à tona durante a pandemia.

O contraste entre a introspecção do “cocooning” com a necessidade de liberdade do arquétipo explorador (estudado durante o desenvolvimento da coleção) refletiu nas roupas como uma mistura de encasulamento e ousadia. Além disso, a união de diferentes épocas na falha temporal fez com que a criação das peças fosse influenciada por referências históricas e contemporâneas, possibilitando uma estética autêntica e singular.

A coleção busca transmitir a dualidade de sentimentos como força e irreverência contrapostos a sentimentos como reclusão e introspecção, e além disso, propor a reflexão sobre como devemos valorizar os pequenos momentos no AGORA, pois voltar ao passado é apenas ficção. A coleção ressalta que ao passo que arte e moda caminham juntas podemos ser quem quisermos, nos vestirmos como quisermos e unir os elementos, características, formas e cores que quisermos, pois, a expressão artística é inerente ao ser humano e se torna o nosso refúgio em meio ao caos.

Processos e resultados

Utilizando tecidos 100% algodão (brim e tricoline) foram feitas pinturas manuais que remetem à diferentes figuras e momentos marcantes da história unidas à energia e imediatez da atualidade, além da representação de olhos e mãos que remetem à curiosidade e exploração. As cores foram escolhidas na intenção de agregar intensidade e harmonizar com o caráter forte da coleção como um todo. Além disso, a partir do princípio de que o algodão é uma fibra natural sustentável usada desde os tempos antigos, utilizar referências históricas, valorizar o resgate às memórias e o trabalho manual único e exclusivo foi algo levado em consideração desde a fase inicial do projeto.

Unindo street wear à alfaiataria, RUPTURA E RESGATE quer vestir pessoas não apenas com roupas, mas criatividade e sentimento. Valorizar a liberdade, a fibra do algodão e a moda autoral brasileira.